Artigo: Para onde foi esporte amador brasileiro após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro?
As Olimpíadas de Tóquio vem ai e será realizada de 24 de Julho à 9 de Agosto de 2020 , ou seja há pouco mais de 6 meses. Aí vem a pergunta que não quer calar se gastou tanto para realizar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Além de atrasos, a preparação para a edição carioca teve polêmicas, como a construção de um novo campo de golfe na Reserva de Marapendi, um área de preservação ambiental; a poluição da Baía de Guanabara; a instalação de uma arquibancada flutuante na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde o espelho d’água é tombado pelo patrimônio histórico; o problema da cobertura e a reforma do estádio do Engenhão; a reforma do Centro Aquático Julio de Lamare, que seria demolido no complexo esportivo do Maracanã; e a necessidade da construção do Centro de Canoagem Slalom, esporte pouco praticado no Brasil.
Fora todos essas polêmicas, qual foi o legado que as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 deixou para os atletas e o esporte amador no Brasil? Essa matéria nós publicamos no dia 21 de setembro de 2016, bem depois do encerramento das Olimpíadas e faço questão de trazer de volta o debate: Onde foi que a Olimpíadas no Rio de Janeiro ajudou os esportes amadores e vai nos levar a sonhar em obtermos mais medalhas? Onde estão os investimentos da iniciativa privada no esporte amador? Fonte: ZDL Comunicação O futuro do esporte no Brasil após o ciclo olímpico |
|
A Rio 2016 chegou ao fim. Agora começaremos a avaliar o impacto do evento e da chamada década esportiva no Brasil.
As cerimônias de abertura e encerramento, assim como o dia a dia dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ganharam destaque. A opinião geral foi de que o Brasil apresentou ao mundo um grande evento. Com alguns problemas, sim. Mas, com a certeza de que superou as expectativas mais pessimistas. Em termos de medalhas, ficamos em 13º lugar no total de medalhas olímpicas e em 8º lugar nos Jogos Paralímpicos. Em ambos os casos terminamos abaixo das ousadas metas de 10º e 5º colocados, estipuladas respectivamente pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Apesar disso, o balanço geral para o esporte de alto rendimento pode ser considerado positivo: tivemos nosso melhor desempenho até hoje nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, com medalhas em novas modalidades, como tênis de mesa, hipismo e canoagem. Acreditamos, no entanto, que não devemos medir o desempenho coletivo do Brasil nesta edição apenas pelo número de medalhas. O projeto de esporte olímpico que foi iniciado na última década, contando com fortes investimentos privados e públicos, precisa ser continuado e analisado em médio prazo, para além da Rio 2016. Avançamos em algumas pautas políticas que beneficiaram diretamente o esporte durante o período: o reconhecimento do esporte como meio de ação social pelo CONANDA (Ministério da Justiça); a criação da Lei Agnelo Piva de fomento ao esporte olímpico, paralímpico, escolar e universitário; criação da Lei do Estatuto do Torcedor; Lei do Bolsa Atleta; renovação da Lei de Incentivo ao Esporte e a alteração do artigo 18-A da Lei Pelé, apresentando instrumentos para profissionalização e transparência da gestão esportiva nacional, sendo esta última ação um resultado direto da mobilização realizada pela Atletas pelo Brasil. São avanços que devemos celebrar, acompanhar e, principalmente, aprimorar. Ainda temos muito trabalho pela frente. Em 2011, a Atletas pelo Brasil apresentou, para a então presidente Dilma Rousseff, uma proposta de legado esportivo dos megaeventos, uma agenda positiva com dois pontos centrais: a importância do fomento ao desenvolvimento de políticas públicas capazes de tornar o esporte acessível a todos os brasileiros e a urgente revisão do Sistema Esportivo Nacional. Até o momento, apesar dos esforços continuados de nossos atletas associados, nenhuma das duas reivindicações foi endereçada satisfatoriamente. Em contraposição aos pequenos avanços alcançados, o cenário atual do esporte no país não inspira otimismo. De acordo com dados da Associação Brasileira de Secretarias Municipais de Esporte e Lazer – ABSMEL, em cerca de 2.000 dos 5.570 municípios do Brasil, o esporte não possui orçamento definido. Em 2016, cinco estados já extinguiram suas secretarias estaduais de esporte, em geral por meio de rebaixamento a um departamento de outra secretaria. O anúncio da proposta orçamentária do Ministério do Esporte para 2017 também preocupa. Divulgada pelo Governo Federal no dia último dia 12 de setembro, a proposta traz redução de 55% das verbas para o esporte de rendimento e 49% para os programas de esporte comunitário. Não seremos uma nação ativa e verdadeiramente olímpica sem investir recursos e esforços no desenvolvimento do esporte educacional, bem como garantindo o acesso a prática esportiva para nossa população. Para isso, as políticas públicas de esporte que foram iniciadas na última década devem ser continuadas e ampliadas. Temos que unir o setor esportivo e defender o esporte, este fator fundamental de desenvolvimento humano e social. Só assim poderemos colher os benefícios do esporte na educação, na saúde preventiva e no desenvolvimento econômico do Brasil. |
Leave a comment